quarta-feira, 20 de junho de 2012

Tudo que é vivo, morre



"Cumpriu sua sentença.
Encontrou-se com o único mal irremediável.
Aquilo que é a marca de nosso estranho destino sobre a Terra.
Aquele fato sem explicação, que iguala tudo que é vivo num só rebanho de condenados.
Porque tudo que é vivo, morre."

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terça-feira, 12 de junho de 2012

Breve, tão breve


Era um sentimento incontrolável, passar a gostar de alguém. Foi preciso se conter para não arruinar tudo com declarações precoces. Mergulhou mais rápido do que deveria e acabou preso ao fundo, vendo-a resistir e flutuar de volta.

A visão o feria. Descobriu uma nova forma de amor não-correspondido, ainda mais torturante. Provava cada vez mais para si mesmo que não havia aprendido nada com os erros anteriores, embora acreditasse nisso. Havia sido ofuscado por uma beleza incomparável, aprisionado naquela armadilha tão conhecida, mas tão bem disfarçada.

Nunca é fácil escapar e encontrar o caminho de volta sozinho. E fica-se ainda mais perdido ao sair. É preciso reaprender a orientar-se em becos de solidão, desconsolado boa parte das vezes.

Sorrindo, recebeu aquele sentimento familiar de solidão indesejada como um velho amigo. Ou foi o que pensou. Pensava ter saudades de tal sentimento antes de reencontrá-lo. As felicidades que passou a conhecer o enfraqueceram, e a depressão já não era tão bem aceita e compreendida. Precisava mudar.

Viu-se então obrigado a dizer adeus àqueles olhos calmos, protagonistas daquele breve futuro alegre. Tão breve, mas tão marcante, agora a tornar-se um passado que esconde passados piores.

Essência viciante, essa que te engana e se esvai.