segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Vazio



Os outros dançavam enquanto ele olhava pro nada, visualizando a infelicidade quase palpável de uma solidão acompanhada. Assumiu feições depressivas em busca de pena e conforto, e ninguém se importou. Saiu, envergonhado.

E ele sofreu enquanto a chuva caía lá fora. O som dos problemas era mais alto, e tudo parecia ruir. O que deveriam ser tempos alegres foram tomados por nuvens negras que traziam certa depressão. Os amigos pareciam distantes e ele não sabia por quem viver.

Madrugadas se foram a encarar o teto tentando descobrir a quem amava, pois queria amar de novo. O sofrimento desnecessário mais buscado pelo homem. A confusão o assombrava a cada reavaliação da própria vida, e descobriu que não se conhecia como imaginava. Um romântico sem esperanças transformando-se no que detestava.

O vazio o consumia. Andou contra as luzes da cidade pensando em como nada mais fazia sentido. As noites ficaram sem graça como as músicas que costumavam provocar sentimentos vivos. Ele não sentia mais nada. A barreira que ele próprio criou por proteção agora se voltava contra ele, bloqueando aquilo que o fazia miseravelmente feliz. Aquilo que ocupava sua mente nos devaneios noturnos, vagantes ou chuvosos. Aquilo que o fazia sentir-se vivo, com histórias pra contar.

Tornou-se quase um vício, depois do período de abstinência. Seu desejo o cercava onde quer que fosse, sem tocá-lo. Era torturante vê-lo por todos os lados, onde parecia se posicionar propositalmente. A concentração se tornava mais difícil a cada visão enquanto a mente se deslocava para cada vez mais longe, desobediente.

É preciso que existam demônios para se entender a importância dos anjos. E o que se precisa para seguir em frente é de uma frustração revoltante. Esqueceu então os problemas que eram abafados pelo som da chuva, e viveu como merecia.

Como um homem que sabe por quem viver.



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