domingo, 25 de abril de 2010

Trivialidades




Sinto falta de algo. Mas não sei exatamente o que é. Não sei se é algo que já tive, ou sempre quis ter. Só sei que sempre que penso sobre isso, fico alegre, pacífico, e desanimado ao mesmo tempo.

Tem algo a ver com amigos, e uma casa grande onde podemos ficar sozinhos. Mas não há festa, brincadeiras ou alvoroço. Há sim um longo momento de calmaria, em que me junto a mais dois fiéis amigos, e ficamos sentados no chão da sala pouco mobiliada e pouco iluminada. Experimentando bebidas refinadas, e com um semblante meio alegre e meio sério em nossos rostos, conversamos sobre trivialidades do cotidiano.

Não sei se é uma metáfora do meu subconsciente, ou se realmente desejo um momento como esse. Talvez seja as duas coisas. Mas sei que nunca serei realmente feliz vivendo aqui. Às vezes, mudar é preciso. Sinto necessidade de novos ares, mas com os mesmos amigos. Os verdadeiros amigos.

Desânimo



Minha cabeça pesa. O desânimo e o cansaço tomam conta do meu corpo, mas não consigo e não quero dormir. Tento me animar de várias maneiras, mas nada funciona. Só o que me resta é fazer o que sempre faço quando estou à toa em casa.

De tempo em tempo, deito na cama para descansar. Me sinto bem relaxado, mas o cansaço não some. Parece que ficarei cansado pra sempre. Uma leve dor de cabeça acaba me limitando mais do que deveria. E remédios não são uma opção.

Tento, em vão, me lembrar de como me curei nas últimas vezes em que me senti assim. Ouvir músicas, por incrível que pareça, não ajudava. Até me sinto mal por isso, como se estivesse ofendendo meu melhor vício. Beber água também não ajudou. Mas nunca achei que fosse ajudar mesmo. O refrigerante acabou, e não sabia fazer café. Perdi a chance de ser salvo pela cafeína.

Por fim, me entrego ao desânimo. Ainda tento me distrair um pouco, mas desisto rapidamente. Resolvo tomar um banho. A água fria acabou aliviando um pouco a dor de cabeça. Devia ter pensado nisso antes...

À medida que a noite cai, vou me sentindo mais leve. A dor de cabeça se foi, e meu corpo vai ressuscitando aos poucos. Levanto-me da cama, na qual estava deitado assistindo um bom filme, que já tinha visto outras trinta vezes. O telefone toca, e um amigo me chama pra sair. Quase não aceitei.

Já em casa, termino a noite da mesma forma como comecei o dia. Pareço morto. Me sinto morto. Estou morto. E o dia seguinte me aguarda.


quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ritual



Não há nuvens. A Lua flutua solitária no céu aberto, iluminando o que restou do lugar por onde caminho agora. As cruzes de madeira espalhadas no chão me fazem pensar naqueles que viveram uma mentira, e morreram cegos. O cheiro de morte, ironicamente, me enche de vida.

A brisa gelada levanta as folhas secas, revelando covas vazias à minha volta. Não sei se foram abandonadas, ou só estão esperando novos moradores. Os uivos ecoando ao longe trazem meu passado à mente, e vejo tudo que deixei para trás.


Mais à frente, penso ter visto um vulto em meio às árvores. Dou mais alguns passos, e me encontro em uma clareira. No centro, pedras antigas com desenhos estranhos formam um círculo perfeito ao redor de uma vela apagada. Minha vida passa diante dos meus olhos à medida que me aproximo. Sinto uma nova brisa repentina, e ouço passos rápidos às minhas costas. Mas não tenho tempo de me virar...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Voilà




"Voilà! In view, a humble vaudevillian veteran, cast vicariously as both victim and villain by the vicissitudes of Fate. This visage, no mere veneer of vanity, is a vestige of the vox populi, now vacant, vanished. 

However, this valorous visitation of a by-gone vexation, stands vivified and has vowed to vanquish these venal and virulent vermin van-guarding vice and vouchsafing the violently vicious and voracious violation of volition. 

The only verdict is vengeance; a vendetta, held as a votive, not in vain, for the value and veracity of such shall one day vindicate the vigilant and the virtuous.  


Verily, this vichyssoise of verbiage veers most verbose, so let me simply add that it's my very good honor to meet you and you may call me V."

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Velhas Lembranças



O elevador. Qualquer um fica vulnerável nesse tipo de ambiente. Principalmente quando surge aquela presença inesperada, que trás fantasmas do passado à sua mente. Lembranças de mais uma das inúmeras desilusões amorosas que você já sofreu. Mas esta te marcou. O constrangimento toma conta do lugar, e não há pra onde ir, até que um dos dois sai.

Nos dias que se seguem, você revê aqueles breves momentos de silêncio em sua  mente, e volta no tempo. Começa a se lembrar de como vocês eram próximos, mas não tanto quanto você gostaria. E quando você percebe, está sofrendo novamente por algo que passou há anos. Mas, por mais estranho que seja, isso não te faz mal. Este é um daqueles casos onde o que deveria te fazer sofrer acaba te dando mais sentido à vida. Porque, apesar de tudo, eram bons tempos. Pelo menos havia uma amizade.


Cada vez mais, você vai se lembrando daquela velha amizade. E então, o sentimento adormecido volta à tona. Mas desta vez, você está preparado. Sabe que não quer passar por tudo aquilo de novo, e sem o fator da amizade pra  amenizar as coisas. Então você se controla, e logo dá um jeito de esquecer o que aconteceu, apagar as velhas lembranças e os velhos sentimentos.

Mas o problema é que esse tipo de coisa nunca se esquece. Nunca se apaga. Volta e meia você vai se lembrar dos velhos tempos, de como era bom gostar e estar perto da tal pessoa. E é inútil tentar usar novas paixões para esquecer as antigas. Todas elas te assombrarão pelo resto da vida.

Elas sempre voltam.


quinta-feira, 15 de abril de 2010

Saudade



Saudade de você. Mas não só da sua pessoa.

Saudade de conversar com você por um tempo considerável. Saudade de você me atormentando. Saudade de poder te ver quase seis horas por dia. Saudade de te acompanhar até a sua casa, só para poder conversar mais com você. Saudade da sua alegria sem motivo e da sua instabilidade emocional. Sinto falta da sua companhia, sempre bem-humorada. Saudade dos seus pensamentos estranhos que surgiam do nada, e da inspiração que você me trazia. E ainda trás, mas já não vale mais a pena.

Saudade dos seus abraços reconfortantes e da sua preocupação em como eu me sentia. Saudade dos seus conselhos, até dos ruins. Saudade do seu olhar sobre a minha personalidade, mesmo quando não concordava. Sinto falta da sua própria personalidade, única e encantadora.

Saudade de uma amizade que você esqueceu.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Breve Alívio



Cansaço. Sentado naquela sala lotada, sinto uma súbita e forte vontade de arremessar para longe o lápis que repousa entre meus dedos. Não há um motivo, apenas uma vontade. Uma vontade que representaria o fim de uma respiração, quando o ar sai como uma bala.

Estou cansado. Cansado de sentar ali no frio, sozinho, olhando para o nada enquanto alguém em pé lá na frente tenta - quase ou sem sucesso - preencher várias mentes com grandes complicações inúteis. Coisas que querem que você guarde em sua cabeça até certo ponto, para depois esquecer completamente, aliviado.

Enfim, ouço um som excruciante, mas libertador. Junto minhas coisas e saio, tentando livrar minha mente de tudo que não preciso saber agora. Começo a me sentir mais leve à medida que vou me afastando daquela sala lotada.

De repente, sinto dedos empurrando minhas costas. Levanto a cabeça devagar, desorientado. Sinto novamente a vontade de arremessar o lápis para longe. E o faço.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Destino



"Ah, se não aconteceu, não era pra ser!". Errado. Coisas ruins acontecem, e tudo depende das SUAS escolhas. Essa coisa de 'não era pra ser' implica em um lado positivo. Sim, há males que vêm para o bem, mas nem tudo são flores. Ainda bem, porque eu odeio flores.

Destino é só mais 'alguém' pra você culpar quando as coisas não acontecem como você queria. O fraco odeia a dor, mas também odeia ser o responsável pela própria dor. Como se isso ajudasse a amenizá-la, ele se esconde atrás do 'destino' e se faz de coitado.

Não entendo como essas pessoas gostam de achar que não controlam a própria vida. Qual é a graça de viver, então? Se suas escolhas já foram feitas por um suposto senhor invisível que mora no céu, o que sobrou pra você fazer por aqui?

Eu, pelo menos, prefiro pensar que estou no controle da minha vida. Sou capaz de fazer escolhas por mim mesmo, e não importa se serão boas ou ruins, desde que sejam minhas. Mas quando eu perceber que fiz uma má escolha - e se não for tarde demais - posso tentar corrigir. É melhor que ficar imaginando que 'não era pra ser' e deixar tudo como está, até que as coisas se acertem magicamente.


E se o destino existe, a vida ainda continua. Só que sem graça nenhuma.

sábado, 3 de abril de 2010

Transe



Estado depressivo. Coisas ruins acontecem, mas no momento, você não liga. Resolve sair.
No caminho, passa a se sentir desconfortável. Sua mente começa a processar todas aquelas coisas ruins.


Você fecha a cara, e fica ansiosamente esperando alguém lhe perguntar o que aconteceu, apenas para responder, com a voz fraca e quase inaudível:

- Nada...

Você está em transe. Mas não sabe disso ainda. Você pode sair dele, mas não quer. Esta súbita depressão é, de certa forma, prazerosa. Com os olhos mirando o vácuo, tenta, nem sempre com sucesso, contaminar o ambiente com o seu estado de espírito.

Você torce para que um conhecido - de preferência, alguém que te atrai - perceba a sua carência e fique ao seu lado, tentando te animar. Mas você não se anima, pois assim, manterá essa presença aquecedora mais tempo perto de você. Por dentro, você se sente melhor.
 

Quando isso não acontece, você pensa em sair dali, mas percebe que não tem pra onde ir. Então você finalmente resolve parar de sofrer sozinho. Tenta se divertir novamente.
 

Nessas ocasiões, a noite nunca é das melhores. Mas, por algum motivo, você não se arrepende.

E a vida continua.


sexta-feira, 2 de abril de 2010

Fireflies

Com vocês: Cobus Potgieter, o melhor baterista do mundo, na minha opinião.