quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ritual



Não há nuvens. A Lua flutua solitária no céu aberto, iluminando o que restou do lugar por onde caminho agora. As cruzes de madeira espalhadas no chão me fazem pensar naqueles que viveram uma mentira, e morreram cegos. O cheiro de morte, ironicamente, me enche de vida.

A brisa gelada levanta as folhas secas, revelando covas vazias à minha volta. Não sei se foram abandonadas, ou só estão esperando novos moradores. Os uivos ecoando ao longe trazem meu passado à mente, e vejo tudo que deixei para trás.


Mais à frente, penso ter visto um vulto em meio às árvores. Dou mais alguns passos, e me encontro em uma clareira. No centro, pedras antigas com desenhos estranhos formam um círculo perfeito ao redor de uma vela apagada. Minha vida passa diante dos meus olhos à medida que me aproximo. Sinto uma nova brisa repentina, e ouço passos rápidos às minhas costas. Mas não tenho tempo de me virar...

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