quarta-feira, 18 de maio de 2011

Espaço - Tempo



Ouço uma melodia suave, que me remete sem querer às minhas vagas memórias do meu passado. Um passado não tão distante, mas envelhecido. A melodia - que me parece familiar - vai ecoando ao meu redor, retratando uma mistura de angústia e liberdade, não mais antiquada como antes.

Uma guerra interna começara, e minha mente se partia. Tudo o que eu conhecia tornou-se obsoleto, e as lembranças vagavam pelo tempo, absurdamente fora de ordem. Podia ver tudo, sentir tudo, mas estava preso aos pensamentos.

Dei a chance pela qual a melodia implorava, submergindo então em indecisões cada vez mais malignas, resultando em ações abstratas. Tudo o que fazia sentido parecia insensato. Mas, ora, eu nunca realmente me preocupei com a sensatez.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Um desejo



Sonhar com a garota dos sonhos. A tortura dos desacompanhados, e a alegria daqueles que encontram uma pessoa com quem dividir a vida.

Ter a sorte de ser um dos últimos, eu tenho, podendo vê-la no mundo real e no mundo que poderia ser chamado de surreal. E ainda assim conseguir sentir sua falta, sentir saudade de me perder no seu olhar que sempre parece ver o meu interior, meu verdadeiro eu, que está adormecido para o mundo há tempos, e só tem a chance de despertar enquanto ao seu lado.

Sonho com o nosso futuro, coisa que não era capaz de fazer pelo meu próprio antes da sua entrada triunfal, que me apresentou a vida. E vista dos melhores ângulos, posso dizer que me foi apresentada a verdadeira felicidade ao mesmo tempo. Feliz ao ter você para dividir todos os bons momentos, até mesmo os que já havia vivenciado antes, quando não percebi sua importância por tê-lo presenciado solitário. E até mesmo os momentos ruins, que com sua presença, se encolheram em insignificância.

Feliz ao saber que mesmo que tudo isso um dia acabe, sempre terei uma parte de você comigo. Nunca nos abandonaremos realmente. Mas ter tal conhecimento não significa que não posso desejar sua companhia ao atravessar os anos.

Pois assim, terei certeza, serão anos felizes. Dignos de uma vida imortal.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

No escuro da estrada



Em uma noite fria na estrada, todas as músicas ficam melhores. Os pensamentos se clareiam, a vida parece mais simples, a sensação é de imortalidade. É possível aceitar quase qualquer coisa, mas com os limites da mente mais cética. Seria possível viver para sempre, sem rumo, mas sempre em movimento.

Não ter um destino é a parte emocionante. Ser acompanhado apenas pelas estrelas e pela lua que parece lhe seguir, produzindo um aspecto místico. E a cada curva, um renascimento. As idéias vão mudando, e não precisam se manter coerentes para serem precisas. Nada parece dar errado, em contraste com uma vida cheia de erros que fora deixada para trás.

Mas enquanto não lhe há coragem para dar vida a sua mente insana e porém lúcida, permanece onde está, com as mãos em seus bolsos metafóricos, observando de longe as pessoas atravessando lentamente - embora fatalmente - sua vida monótona e depressiva. Pedaços dele os acompanham, girando o mundo sem o seu conhecimento.

Sonhos são seu único refúgio. Pesadelos são seu melhor inferno.