segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Observando



Já faz um tempo desde a última vez que parei para observar. Admirar ruas vazias e estrelas frias que passam pela janela. Um costume de melancolia noturna, na sua época de constância.

Observava esperando uma resposta às minhas perguntas silenciosas. Talvez o vento a traria. Esperei inconsciente na varanda fria, acreditando que não importava. Não me importava. Ocupava a mente com canções sobre saudades, tantas que eram. Cansado de tentar antecipar o futuro, deixei que viesse sozinho enquanto observava o passado de longe.

E o futuro veio, incerto e discreto, quase passando por mim. Riu dos meus planos e me deu um melhor — algo tão raro que ainda não sei se acredito. Trouxe também a resposta que eu esperava, e me pôs a buscar elementos para descrevê-la. Deu um fim à constância da melancolia noturna.

Agora, as noites são preenchidas com alegrias compartilhadas constantemente, sem espaço para uma olhada triste pela janela. Deixei de observar as ruas vazias para percorrê-las acompanhado. Deixei de admirar solitário as estrelas para conversar sobre elas. Divido tudo o que me agrada e me sinto completo. Entre novas músicas, um solo para o passado e duas vozes para o futuro.

Um futuro que sempre irei querer pra sempre.