quarta-feira, 15 de maio de 2013

Indecifrável



Vento frio num dia de sol. A mente vazia ganha brisas de inspiração que logo se esvaem. A tranquilidade plena não guarda pensamentos profundos. O dia passa e a mente passa o dia improdutiva a vagar, livre inclusive das preocupações que deveria ter.

A lua some em meio a chuva. A mente vazia torna-se densa ao unir palavras e frases soltas, a fim de libertar-se das angústias passadas e futuras, nunca presentes. Mesmo em tranquilidade plena a mente pode expor a arte que possui. Arte que nasce do cheiro dos livros, do som do ventilador e da cama desocupada. Nasce de tudo que compõe o nada; deuses pessoais agindo ao acaso.

Nuvens inertes guardam castelos em guerra enquanto transmitem paz. E a mente vazia é alimentada pela simplicidade, uma vez que se cansou do complexo. Vive entre livros em espera e novos amores, músicas antigas e velhas dores por nostalgia insegura de tempos nem tão distantes. Passa pela vida tentando viver, oferecendo algo além da existência monótona do apenas-mais-um. Corre em círculos tentando fugir.

Fugas são utópicas, graças à memória constantemente renovada. Todas as ações e escolhas ecoam eternamente, em forma de lembretes com bons propósitos. Há sempre novas luzes, novos ventos, outras nuvens e tormentos. Não existe vida sem problemas, preocupação é inútil. Dormir em território inimigo e acordar vivo é a melhor das conquistas.

Acordar debaixo de um sol que brilha contra chuvas, iluminando castelos e revelando fugas pela busca de recomeços em outras paragens. Selvagens aqueles que ficam, na crença de que são imutáveis ou capazes de criar algo melhor.

Porém toda ação é um código que denuncia outra. A atenção da mente vazia é quem molda a arte.