terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Inimigos

Um dia desses, vi uma frase de Winston Churchill, que diz mais ou menos o seguinte: "Você tem inimigos? Ótimo. Significa que você defendeu alguma coisa, alguma vez na sua vida."


A frase me fez pensar. Eu teria inimigos? Há pessoas que decididamente não gostam de mim, mas não sei se poderia chamá-los de inimigos. Mas sei que pelo menos alguns deles nasceram de uma divergência de opiniões, ou seja, acredito ter defendido algo alguma vez na vida.

Mas comecei a pensar: o que me faz melhor do que eles? Não acredito nem um pouco na grande bobagem que vivem dizendo, que "ninguém é melhor do que ninguém". Acredito que eu seja melhor que o desgraçado do taxista que roubou meu celular, por exemplo. Ou que o cara que jogou a própria filha da janela. Enfim, passei um tempo buscando uma pequena evidência de que eu era melhor do que essas pessoas que me acham babaca e gostam de mostrar isso por aí, achando que eu não veria.

O velho argumento infantil da inveja passou pela minha cabeça, mas o descartei na mesma hora. Eles não têm inveja de mim, eles realmente me acham babaca por algum motivo. Ou motivo nenhum, vai saber. Aliás, essa última opção é mais provável, pois não me lembro de ter dado motivos suficientes para despertar tal ódio. Mas sei que as pessoas tendem a procurar algo que possam odiar, reclamar e xingar, provavelmente para se sentirem melhor consigo mesmas. Conheço a sensação, confesso. Acho, porém, que talvez tenha conseguido abandoná-la.

Não sinto mais vontade de expressar meu ódio mortal por certas coisas. De repente, isso começou a me parecer exaustivo. Sair gritando aos quatro cantos que tal coisa, seja lá o que for, não passa de uma imbecilidade sem tamanho, apenas para receber mais e mais respostas agressivas atacando a minha opinião... Isso simplesmente não me atrai mais como antes. Não sei se chamo de maturidade ou de preguiça. Só sei que não sinto mais aquela ânsia de discussão.

E então percebi: talvez fosse exatamente isso que me tornava relativamente melhor do que aquelas pessoas. É difícil descrevê-las sem usar clichês cansativos como "amargas", "infelizes" etc. Consegui ir além, concluindo que elas têm essa necessidade infundada de se sentirem superiores aos seres que, de longe, por um mísero detalhe sem importância, não as agradou. Essa necessidade de dizer abertamente que tal pessoa ou grupo faz parte de uma escória inventada ao acaso, e que não se deve relacionar-se com eles.

Me surpreendi ao não me ver rebatendo certas provocações e ignorando-as quase completamente. Estaria mentindo se dissesse que não me senti ao menos ligeiramente incomodado, mas não me dei ao trabalho de me preocupar demais ou tirar satisfações. Não teria agido assim uns meses atrás.

Isso tudo deve ser apenas o preço que se paga por ser feliz.

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