sexta-feira, 13 de julho de 2012

Lembrança



Noite solitária, a que me encontro. Companhia única e desagradável de fortes ventos uivantes que batem minha janela, e impedem o sono de chegar. Meu rosto refletido a me assombrar, com a expressão de quem perdeu as esperanças.

Encontrei, porém, as lembranças. Tempos aqueles que não voltam mais, mesmo tendo desfilado aos meus olhos e tocado-me o rosto no dia anterior. A frase não dita, a declaração da saudade, não saiu. E o que me restaram foram cenas perfeitas, criadas em uma mente atormentada pelo som da janela.

Invejei o vento incessante e livre. Lá estava eu, comicamente preso e faminto. Fraco, pois a inspiração não alimenta. Entregue, então, às lamentações silenciosas por lembranças sofridas e previsões impossíveis. Lamentações inúteis, embora estranhamente prazerosas.

Vejo a escolha, vejo o erro, vejo o medo. Medo que chama de absurda a escolha ao perceber o erro inevitável. Evito-o ao escolher não agir, e percebo que a culpa é toda senão minha. Foram minhas as decisões que escreveram uma história fantástica sem final feliz.

E não adianta tentar abandonar a lembrança, pois o vento que a representa sempre virá me manter acordado.

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