quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Espinhos



Seguia veloz pelas ruas de um lugar desconhecido, ouvindo sempre as mesmas músicas e relembrando breves sensações de uma época impactante de sua vida.

Poucas coisas fizeram sentido naquela história, mas isso se explica pelos fatores envolvidos. Esquivava-se dos rostos embaçados, guiando-se automaticamente para seu destino enquanto seus pensamentos atravessavam oceanos. Mantinha os olhos abertos somente porque não podia prever os obstáculos inconstantes.

Fora vítima de um passado eterno, e sua protagonista vivia constantemente mutável em sua frente, sem saber. Ou sabia, sem se importar. Mas seguia, virando esquinas perigosas e quase trombando com novos futuros assombrosos. Quase?

Acumulou mais alguns, na verdade. Até cair graciosamente num mar de rosas. Os espinhos, só sentiria mais tarde. Delirava com o perfume frio e fatal de uma nova fase que por muito havia esperado. Assustou-se com as primeiras recaídas, a saudade das águas misteriosas que um dia enfrentou. Sentiu que havia adquirido experiência suficiente para guiar-se, mas se recusava a tentar. E se acostumou.

O mar de rosas, apunhalando-o lentamente, era mais agradável.

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