domingo, 24 de agosto de 2014

Drama




Pra onde foram os amores impossíveis, as esperas angustiantes, as saídas dramáticas? É estranho sentir saudades daquele leve sofrimento jovem. Ver o sol nascer sem perceber que a noite se perdeu entre cenários perfeitos, imaginados por um coração partido. E saber, então, que viriam muitas outras noites assim.

Pra onde foram os momentos constrangedores, os olhares carregados e as caminhadas solitárias? Tudo envolto em um desejo egocêntrico de poder produzir uma fotografia que representasse tantas emoções juntas. Que mostrasse a casa vazia, a música triste, o único lugar ocupado na mesa. Poderíamos ver as injustiças caídas sobre alguém que não tinha nada além de boas intenções.

A conquista morreu nas mãos daqueles que cansaram de procurá-la. Ela própria havia se cansado de esperar. Sumiram as decepções, os encontros, as palavras profundas. As lágrimas secaram e tudo ficou cada vez mais raso.

Talvez seja a idade. A falta de tempo para o drama. Ele vive somente nas músicas, nos filmes e nos livros, pois ninguém mais tem espaço para vivê-lo. As preocupações são outras, embora ninguém perceba que são infinitamente menos relevantes.

Talvez não. Talvez seja só a visão distorcida de um coração amargurado.

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